quarta-feira, 25 de maio de 2011

Os riscos do atraso no diagnóstico de problemas de fala

A fala é uma característica que difere os seres humanos. Qualquer problema relacionado a ela pode dificultar a comunicação e, com o tempo, abalar o emocional da criança e adulto. Portanto, o encaminhamento para o fonoaudiólogo deve ser o mais precoce possível. Mas um grande erro tem ocorrido e trazido prejuízo ao desenvolvimento do pequeno.

A maior parte dos pediatras não encaminha a criança com alteração no desenvolvimento de linguagem no período adequado. Essa é a conclusão do estudo da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo – USP – e publicada na Revista CEFAC (Atualização Científica em Fonoaudiologia e Educação).

Sabe quais riscos quando os pais demoram a levar os filhos para um diagnóstico preciso? Vejamos. Metade das crianças com um atraso na fala aos 24-30 meses pode apresentar atraso severo entre 3 e 4 anos. Além disso, um distúrbio de aprendizagem pode ser verificado posteriormente no ingresso na escola.

Um atraso no desenvolvimento da fala pode causar mais tarde uma dificuldade no convívio com outras crianças na escolinha, sendo alvo de constrangimentos, já que é percebida pela sua dificuldade. Isso pode gerar apelidos que podem permanecer por muito tempo, gerando prejuízos emocionais até a idade adulta.

A comunicação, isto é, a fala, permite uma maior liberdade, onde a criança planeja e oriente suas ações, expressa seus sentimentos, diminuindo assim sua impulsividade e agressividade.

Os casos mais sérios de alteração de fala principalmente com dificuldade de interação ou patologia mais grave são detectados e encaminhados mais precocemente. Já os distúrbios mais simples e comuns, como um atraso do desenvolvimento da fala ou distúrbio fonológico (omissão ou trocas de fonemas), têm sido encaminhados com 3 anos ou mais, tornando a terapia mais demorada.

Os erros - Os médicos têm a preocupação com a idade em que a criança começa a falar, mas, normalmente, só encaminham quando os pais ou a escola fazem queixa sobre o desenvolvimento da comunicação dos pequenos. E a criança, coitada, sofrerá para lidar com um obstáculo que poderia ter sido detectado com antecedência ou por profissional específico para o assunto.

Um dos motivos para que ocorra atraso na descoberta do problema é a formação dos profissionais médicos, que relataram ao estudo da USP não ter nada específico que abordasse o tema linguagem infantil. Recado para mamãe e papai: saibam diferenciar os profissionais. Um fonoaudiólogo é o mais indicado a conferir o problema de fala.

“Mesmo entre os pediatras mais experientes, é comum que a consulta tenha como objetivo a doença e não a preocupação com questões básicas do desenvolvimento da criança, como a fala, que podem ser tão prejudiciais quanto qualquer outro problema de saúde", relata Luciana Paula Maximino, uma das autoras do trabalho e professora do Departamento de Fonoaudiologia.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Síndrome de alcoolismo fetal causa danos permanentes no bebê

A doença é muito comum e dificilmente diagnosticada

Segundo estudos da organização mundial da saúde (OMS), 12 mil bebês nascem com a SAF (Síndrome de Alcoolismo Fetal) por ano. A organização não-governamental The National Organization on Fetal Alcohol Syndrome (Nofas) apresentou uma pesquisa em que cerca de 40 mil crianças por ano em todo o mundo sofrem de SAF, número que supera doenças como Síndrome de Down e distrofia muscular. No Brasil, não existe nenhum dado oficial que determine quantos bebês são atingidos pela doença, mas o número de casos pode ser muito grande, já que na maioria das vezes não é diagnosticada.

Com o consumo excessivo de bebida alcoólica, a substância é absorvida pelo bebê através da placenta, e é responsável por grande parte das deficiências apresentadas pelos recém-nascidos. Após o nascimento, surgem alguns sintomas, que são conhecidos como EAF (efeitos do álcool no feto) e os mais comuns são: baixo peso ao nascer, disformismo facial (lábio superior mais fino, cabeça menor do que a média), má formação de alguns órgãos e dificuldade em desenvolver habilidades, como a fala e a coordenação motora.

Segundo o Dr.Jorge Huberman, pediatra e neonatologista do Instituto Saúde Plena e do Hospital Albert Einstein, tudo o que a grávida absorve, seja alimentação, bebidas ou drogas, é levado diretamente ao organismo do feto, o que pode trazer benefícios ou danos à saúde do bebê.

“É importante que as mães saibam que qualquer quantidade de álcool ingerida pode trazer riscos à saúde do bebê, e isso também vale para medicamentos e outras drogas”, explica Dr. Huberman.

Para que a SAF seja diagnosticada, é necessário que o pediatra seja informado dos hábitos da mãe na gravidez e se existe histórico de alcoolismo na família. De acordo com o Dr. Huberman, o tratamento varia de acordo com cada caso, já que cada criança apresenta sintomas específicos.